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Povos indígenas pedem fundo de emergência para combater coronavírus
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Publicado em 05/05/2020

Líderes indígenas do Brasil pediram à Organização Mundial da Saúde (OMS), nessa segunda-feira (4), a criação de um fundo de emergência para ajudar a proteger suas comunidades da ameaça da pandemia de coronavírus.

Muitos dos 850 mil indígenas do país moram em áreas remotas da Amazônia, com acesso limitado ao atendimento de saúde, e grupos indígenas dizem que o governo não incluiu suas comunidades nos planos nacionais de combate ao vírus.

Em carta ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, eles pediram ajuda para obter equipamentos de proteção pessoal, indisponíveis para os profissionais de saúde que trabalham em reservas e aldeias.

"É uma verdadeira emergência", disse à Reuters a deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), líder do apelo à OMS e a primeira mulher indígena eleita para o Congresso brasileiro.

"Os indígenas estão vulneráveis e não têm proteção", afirmou.

O número de indígenas brasileiros mortos pelo vírus subiu para 18, informou a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, mas o governo registrou oficialmente seis.

Isso porque a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) só relata mortes em aldeias, e não as de integrantes de tribos que se mudaram para áreas urbanas.

Até domingo (3), havia sido confirmado que 107 indígenas da Amazônia estão infectados, 59 deles no extremo norte do Rio Amazonas, perto das fronteiras com a Colômbia e o Peru, disse a Apib.

A Coordenação de Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) se queixou da falta de exames e da ausência de assistência do Sesai para pessoas que vivem fora das aldeias tradicionais em cidades como Manaus, onde os casos de covid-19 estão sobrecarregando os hospitais.

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, disse que proteger os povos indígenas é uma prioridade. A Fundação Nacional do Índio (Funai) proibiu missionários cristãos de evangelizarem tribos isoladas durante a epidemia para evitar o contágio.

O apelo dos grupos indígenas veio um dia depois de uma carta aberta, enviada por dezenas de artistas, músicos e atores internacionais a Bolsonaro, apelando para que ele proteja os indígenas do Brasil.

Entre os artistas que assinam a carta estão Ai Weiwei e David Hockney, os músicos Sting e Paul McCartney, os atores Glenn Close e Sylvester Stallone e a apresentadora e atriz Oprah Winfrey.

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