Se todos os senadores inscritos falarem, pode passar de 20 horas.
Calheiros diz que vai fazer um esforço para concluir tudo até às 22h.
Nesta quarta-feira (11), o Senado decide se afasta, ou não, a presidente Dilma Rousseff. Antes mesmo da abertura da sessão, os governistas já davam a derrota no plenário como certa.
“Temos uma esperança que lá ocorra alguma coisa de importante, mas do contrário o que vai prevalecer é uma decisão política. E a decisão política é de afastar a presidente que eles consideram que perdeu a capacidade de governar porque perdeu a maioria no Congresso Nacional. Isso é a mesma coisa que ferir de morte a nossa democracia”, fala a senadora Vanessa Grazziotin.
A dúvida é em quanto tempo o resultado vai sair. “Não há como nós imaginarmos que essa sessão não terá no dia de hoje princípio, meio e fim. O Brasil não suporta continuar com esse grau de incertezas”, fala o senador Ricardo Ferraço.
E para o tom dos debates. “Nós estamos discutindo aqui assuntos que são relevantes com números, dados, com falsear orçamento, desconsiderar o Congresso Nacional na aprovação de projetos legislativos”, afirma o senador Ronaldo Caiado.
Às 10h, com exatamente uma hora de atraso, o presidente do senado Renan Calheiros abriu a sessão e fez um apelo aos senadores. “Neste momento em que estamos prestes em tomar uma decisão gravíssima, quero pedir a todos os senadores que lancem mão daquilo que sei que têm de sobra: serenidade e espírito público”, fala Calheiros.
Depois, defendeu a forma como o Senado conduziu o processo de impeachment até agora. E anunciou que não vai votar nesta etapa, nem nas que se seguirão. Para o presidente do Senado, a decisão que será tomada pelo plenário respeitará a democracia.
A denúncia contra Dilma Rousseff foi enviada pela Câmara ao Senado há 24 dias. A denúncia diz que a presidente cometeu dois crimes de responsabilidade: a edição de seis decretos para liberação de créditos suplementares sem autorização do Congresso e a contratação ilegal de operações de crédito, as chamadas pedaladas fiscais.
A discussão do parecer que recomenda a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff será longa. Se os inscritos falarem, pode passar de 20 horas. Mas o presidente do Senado diz que vai fazer um esforço para concluir tudo até às 22h.
Relator e defesa também falarão ao fim dos debates que demoraram para começar porque antes governistas apresentaram recursos para suspender a sessão e anular o processo.
Foram cinco seguidos, com argumentos que já haviam sido apresentados e rejeitados em outras ocasiões.
“Quero dizer que os crimes que estão sendo aqui colocados na conta da presidenta Dilma nunca foram considerados irregularidades na gestão orçamentária desse país”, declara a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
O líder do PSDB, Cassio Cunha Lima, contraditou. “É impressionante como não se tem a compreensão da dimensão desse instante e se tenta através de chicana, de obstrução, de manobras que não irão prosperar”.
O líder do PV, Álvaro Dias, insistiu junto a Renan pelo fim dos questionamentos. “Nós apelamos a vossa excelência que imponha nessa hora a ordem para iniciarmos o trabalho efetivamente. O que houve até agora foi uma tentativa de procrastinação infeliz”.
O líder do PT, Paulo Rocha, pediu a palavra. “Nós estamos serenos para fazer um debate firme, democrático. Mas nós não podemos. Eu sei que já tem uma maioria política aqui estabelecida, mas nós não vamos aceitar o rolo compressor”.
A estratégia não deu certo. Depois de rejeitar todos os recursos dos governistas, Renan Calheiros, abriu a discussão, às 11h18. A primeira dos 68 inscritos para falar foi a senadora Ana Amélia, do Partido Progressista que se manifestou a favor do impeachment.