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Burocracia impede mineiro com leucemia de rever os pais antes de morrer nos Estados Unidos
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Publicado em 05/04/2016

O sonho era se mudar para o exterior, trabalhar, ganhar dinheiro e ajudar a família no Brasil. Por sete anos, a meta foi cumprida em Massachusetts, nos Estados Unidos. Mas a leucemia impossibilitou Gleidson Agmar Nunes Gonçalves, de 29 anos, de concretizar seus projetos. Natural de Pedra Menina, distrito de Rio Vermelho, na Região Central de Minas, ele foi diagnosticado com a doença em 2014. O último desejo nos EUA? Rever os pais. Porém, a burocracia fez com que a vontade dele não fosse atendida. Marly Nunes Barbosa e Guido Gonçalves Sobrinho tiveram o visto negado por duas vezes, a última na quinta-feira. Mas, mesmo se conseguissem entrar no país americano, não teriam sucesso de rever o filho. Gleidson morreu na madrugada de ontem. Descrito como um jovem amoroso e carinhoso, Gleidson se mudou para os Estados Unidos em 2007. Na época, foi para Massachusetts em busca de emprego. “Ele queria trabalhar e depois voltar para o Brasil. Antes de ficar doente, estava trabalhando como pintor”, comentou a mãe.

A alegria do jovem, mesmo longe da família, durou oito anos. Em janeiro de 2014, foi diagnosticado com leucemia e começou a lutar pela vida. Logo que ficaram sabendo da doença, Marly e Guido correram atrás da autorização para embarcar para Massachusetts. A primeira tentativa, em abril do mesmo ano, no consulado do Rio de Janeiro, foi em vão. O visto foi negado. Enquanto a família tentava obter os vistos, Gleidson iniciou tratamento no Dana-Farber Cancer Institute e no Brigham and Women’s Hospital. “Por ser muito querido, caiu na graça da equipe médica. Eles começaram a tentar um doador para o transplante da medula e um irmão dele aqui no Brasil foi identificado como doador compatível”, explica Raul Ornelas, dono de uma agência de viagens e amigo dos familiares. A descoberta da compatibilidade ocorreu ainda em 2014. Leandro Magno Nunes Gonçalves, irmão de Gleidson, hoje com 25 anos, tentou seguir para Massachusetts por três vezes, mas teve o visto negado. “Foi só depois que o diretor do hospital entrou em contato com o embaixador aqui no Brasil que o visto saiu”, conta Ornelas. Leandro doou a medula para o transplante em Gleidson. O corpo do jovem respondeu bem ao tratamento até julho do ano passado, quando surgiram complicações. “O câncer voltou muito agressivo. Na semana passada, os médicos chamaram alguns familiares dele que moram lá e disseram que a situação era irreversível. Então, ele disse que tinha o desejo de ver os pais”, contou Raul Ornelas.

Luta interrompida

Na tarde de quinta-feira, Guido e Marly passaram por entrevista em Brasília e não conseguiram a autorização para entrar nos Estados Unidos. Foi a última tentativa. “Ele faleceu à meia-noite. Nossos parentes lá, estão providenciando o traslado do corpo para o Brasil”, disse Marilda Nunes de Oliveira, tia de Gleidson. O sepultamento, ainda sem data, será em Pedra Menina. A família ficou revoltada com toda a situação. “Vai ficar muita saudade. Mas, acima de tudo, muita angústia e raiva pelo visto ter sido negado à mãe. Marly queria apenas visitar o filho que estava à beira da morte. Ela está muito chateada com isso. Gente pobre não precisa ser tão humilhada como ela foi”, desabafou Marilda Nunes.

 

Gleidson Agmar Nunes Gonçalves tinha 29 anos (Foto: Reprodução / Redes Sociais)

 

(Estado de Minas / Repórter: João Henrique do Vale)

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