Pesquisa mostra que águas subterrâneas da região às margens do Rio Doce estão contaminadas
13/04/2017 14:15 em Novidades

Um estudo do Greenpeace e revelou que as águas subterrâneas na região da bacia hidrográfica do Rio Doce estão contaminadas com altos níveis de metais pesados. De acordo com a pesquisa, a contaminação pode ter relação com o desastre ambiental em Mariana. A expedição para coleta de dados e amostras foi realizada entre 4 e 18 de julho de 2016, e o resultado foi divulgado na última terça-feira (11). Os pesquisadores analisaram as águas do rio em três pontos, sendo dois em Minas Gerais, nas cidades de Belo Oriente e Governador Valadares, e no estado do Espirito Santo, na cidade de Colatina.

Belo Oriente apresentou cinco pontos de coleta com níveis de ferro e manganês acima do estabelecido pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), órgão do Ministério do Meio Ambiente.

Em Governador Valadares foram identificados 12 pontos, e em Colatina 10 pontos, com os valores acima do permitido. De acordo com o estudo, a água desses locais não é adequada para consumo humano e, em alguns casos, também não se recomenda a irrigação das plantas – situação de alguns pontos de Governador Valadares e Colatina, apontou a pesquisa.

O professor João Paulo Machado Torres, do Instituto de Biofísica da UFRJ, responsável pelo estudo ‘Contaminação por metais pesados na água utilizada por agricultores familiares na Região do Rio Doce’, avalia que a água não está própria para o consumo, tampouco para o uso na agricultura.

“Naqueles locais com nível alto de contaminação, apontados na pesquisa, é preciso fazer um trabalho de acompanhamento pelos órgãos responsáveis, tendo em vista que, quando a água está ruim para a agricultura, ela já está ruim para o consumo humano há muito tempo” disse.

Fabiana Alves, representante do Greenpeace, alerta que a contaminação por metais pesados pode ter consequências futuras graves. “Você vê pelo estudo altas taxas de ferro e manganês. Quando você consome essa água, você pode ter problemas de saúde que podem aparecer a longo prazo, de 10, 20 anos, então fica claro que a população não pode usar nem consumir essa água”, concluiu.

Em nota, a Fundação Renova disse que o processo de recuperação das áreas impactadas pelo rompimento da barragem em Mariana é complexo e demanda estudos inovadores. Mas que está à frente das ações de reparação socioeconômicas e socioambientais da Bacia do Rio Doce. “A Renova avalia de maneira positiva pesquisas que contribuam com esse desafio. Por meio do conhecimento sistematizado será possível traçar estratégias sustentáveis no médio e longo prazos”, diz a nota.

Sobre a pesquisa, a Fundação diz que a água distribuída à população em Governador Valadares, por exemplo, foi analisada e respeita os critérios da portaria do Ministério da Saúde, e que é feito o monitoramento semanal da água tratada.

“Há obras de melhorias nos sistemas de abastecimento de água em 19 localidades, além de investimento no sistema de tratamento de 11 áreas impactadas. É o caso de Belo Oriente, Governador Valadares e Colatina”, diz a nota. A Fundação Renova diz ainda que foram desenvolvidas ações emergenciais para os agricultores.

COMENTÁRIOS
Comentário enviado com sucesso!