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Retirada de garimpeiros ilegais da TI Yanomami é prioridade
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Publicado em 02/02/2023

A retirada de garimpeiros ilegais da Terra Indígena (TI) Yanomami é uma ação prioritária para reverter a crise socioambiental gerada ao longo dos últimos anos, defendem especialistas e lideranças da região.

Os yanomami são considerados um povo de recente contato e a Terra Indígena (TI) Yanomami tem 30 anos de demarcação e homologação. São os yanomami quem protegem a maior reserva indígena do país.

Para quem começa a se inteirar agora das notícias sobre os yanomami, a situação que eclodiu parece novidade, mas os danos causados pela mineração prolongam-se no tempo.

Entre 1987 e 1990, uma centena de pistas clandestinas de garimpo foi aberta em torno dos principais afluentes do Rio Branco, o que permitiu que o número de garimpeiros, estimado entre 30 mil a 40 mil, chegasse a ser cinco vezes maior do que a população indígena. Atualmente, calcula-se que haja cerca de 20 mil garimpeiros na TI e 26 mil yanomami na parte brasileira e 11 mil, a parte venezuelana.

Nesta terça-feira (31), a deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR), que toma posse na presidência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) amanhã (2), afirmou que o país vive uma nova fase, em que o combate ao garimpo ilegal terá prioridade, entre as pautas do governo federal.

Assim como a parlamentar e lideranças yanomami, o sociólogo Bruno Gomes concorda que a retirada de garimpeiros deve ser um dos primeiros passos. Para ele, o Estado tem dois papéis a cumprir, no caso dos garimpos ilegais: o de sufocar as ações ilícitas e o de garantir que os povos originários possam viver conforme queiram.

"São 30 milhões de brasileiros e brasileiras que vivem nessa região [Amazônica] que precisam ter oportunidade de caminhos da geração de renda, para trabalho", diz ele, que é também fundador da Agência Humana, entidade que coordena o Grupo de Trabalho de Mineração da iniciativa Concertação pela Amazônia.

"A gente vê que há um momento propício para, se o governo tiver vontade política, atacar de frente algumas questões de comando e controle, de combate à criminalidade e associar isso a projetos e ações, programas de médio e longo prazo, caminhos, oportunidades, possibilidades para que essas populações possam viver de acordo com seus modos de vida tradicional", emenda.

Crise na saúde

O presidente da Urihi Associação Yanomami, Júnior Hekurari afirma que "há quatro anos, os yanomami estão lutando para sobreviver" e que, em 2020, observou um aumento significativo da malária e da desnutrição entre a população.

Segundo ele, as dificuldades de se acessar a TI Yanomami é algo que atravanca a contagem de casos e dificulta o monitoramento dos pacientes: "quatro anos e as comunidades sempre chorando", lamenta.

Na ida de autoridades governamentais ao Polo Base Surucucu, em Roraima, no mês passado, Júnior Hekurari acompanhou tudo de perto. "Tinha muitos pacientes, crianças desnutridas. Foi muito grave, muito tenso. Crianças convulsionando de malária, desnutrição", relata.

Os próprios profissionais de saúde estavam adoecendo. Na unidade, uma equipe formada apenas por três técnicos de enfermagem, um enfermeiro e um médico atendiam cerca de 150 crianças com desnutrição. "Ajudamos a equipe de saúde, que estava desgastada, com problema psicológico, porque estava trabalhando dia e noite inteiros. Impossível, isso", sublinha, acrescentando que o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da área deve passar, em breve, por uma reestruturação, prometida pelo governo Lula.

As mudanças já chegam à região. Na semana passada, por exemplo, uma equipe da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) visitou outro ponto da TI, na região de São Gabriel da Cachoeira (AM).

 

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