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Mandioca mais nutritiva e com menor tempo para colheita é testada em Minas
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Publicado em 24/03/2017

Aipim, macaxeira, macamba. Em cada região de Minas Gerais, um jeitinho carinhoso de chamar a mandioca. E preparar. É que o alimento serve como ingrediente de pratos típicos doces e salgados da nossa culinária. De olho nesta boa aceitação e visando diversificar o mercado, o Governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) está testando tipos de mandioca mais nutritivos com reduzido período de produção.

O projeto piloto, com 9 tipos de mudas, é desenvolvido em Ituiutaba, em parceria com o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM). Nesta primeira fase, está sendo testada a aceitação das espécies nos solos arenosos e com clima quente. A segunda fase começa em julho, quando serão colhidas as primeiras mandiocas que passarão pelo teste que avalia tempo de cozimento, sabor, aparência da planta e da raiz (parte comestível), peso etc.

Ao fim da fase de testes, a Emater do município irá disponibilizar as novas mudas para os agricultores. Os interessados receberão também as instruções de cultivo da nova planta. Por enquanto, somente a região de Ituiutaba será contemplada com o projeto, que é pioneiro em Minas Gerais.

O engenheiro agrônomo e especialista agropecuário na Emater MG responsável pela pesquisa, Reginaldo Ângelo de Sousa, explica as vantagens. “A planta foi modificada justamente para ter seu período de desenvolvimento encurtado, sendo colhida quatro meses mais cedo. O prazo para colheita pode variar entre 10 e 24 meses, dependendo do tipo e uso. Isso vai aumentar a produtividade. Por outro lado, o produto é diferenciado, pois foi enriquecido com betacaroteno, um pigmento nutritivo conhecido pelas propriedades antioxidantes, capazes de atenuar o envelhecimento da pele, ossos e imunidade. E nada disso deve mudar o preço”, conta o engenheiro.

Além da coloração mais acentuada, segundo Reginaldo, o grau de saciedade das novas mandiocas também é bem mais intenso devido ao enriquecimento nutritivo do gene da raiz.

É com curiosidade e expectativa que o produtor rural José Divino de Melo, de Ituiutaba aguarda o mês de junho. Ele será um dos 20 contemplados pelo projeto. “Para a agricultura familiar, a mandioca sempre foi um bom negócio. A maioria das pessoas gosta de comer e a venda é boa. Agora imagina o produto enriquecido e que pode ser colhido mais rápido? Minha expectativa é ter meu lucro acrescido com essa qualidade melhor, com esse aumento de produtividade. Já tenho experiência com a mandioca mais tradicional, que tem boa saída. Essa nova é ainda mais promissora”.

História e mercado

No Brasil, a expansão do plantio da mandioca acompanhou a ocupação do território brasileiro. E, antes mesmo de ser comercializada, era trocada pelos índios por objetos trazidos pelos navegantes portugueses, através do escambo. Hoje, o país é o segundo maior produtor sendo responsável por 23,7 milhões de toneladas de raízes frescas de mandioca. Minas Gerais é o oitavo produtor nacional de mandioca.

Em 2016, a produção mineira foi de 844,3 mil toneladas em uma área colhida de 58,1 mil hectares. Para este ano, a expectativa da safra mineira é de 844,4 mil toneladas na mesma área plantada. O Norte de Minas Gerais é a região que lidera a produção no Estado. Para 2017, a região tem expectativa de safra de 197 mil toneladas (23,3% da produção mineira). O mercado mineiro movimentou R$ 379,6 milhões na produção e comércio da mandioca em 2016.

A mandioca é um alimento energético, riquíssimo em carboidratos (amido e açúcares) e em vitaminas do Complexo B, Cálcio, Fósforo e Ferro. Aquelas com polpa amarelada apresentam vantagem adicional, com bons teores de caroteno, que é transformado pelo organismo em retinol ou vitamina A, essencial à visão, pele e mucosas.

 

Raiz enriquecida com betacaroteno pode ser colhida em até 8 meses (Divulgação/Emater)

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